sexta-feira, 28 de junho de 2013

Vilão gay, bissexualidade, doença terminal, autismo e a ousadia de Walcyr Carrasco

As novelas completaram 60 anos recentemente. É uma idade respeitável e apenas ressalta o quanto que esse gênero fez e faz sucesso no Brasil. Milhares de histórias já foram escritas e produzidas. A teledramaturgia tem um arquivo gigantesco. Assim sendo, é perfeitamente normal que os autores encontrem dificuldades para inovar ou então fugir da repetição de temas. O principal desafio tem sido encontrar uma forma diferente de contar uma trama batida. Entretanto, Walcyr Carrasco tem conseguido apresentar ao público inúmeros temas que ainda não tinham sido abordados e ainda conduzi-los de forma competente.


Vilão gay, bissexualidade, lúpus, autismo, doença terminal, envolvimento entre um muçulmano e uma judia, enfim, o que não falta é trama ousada e raramente apresentada em folhetins. O autor não poupou temas nessa sua estreia no horário das nove. Ao invés de investir apenas no óbvio, Walcyr optou por uma grande mescla em "Amor à Vida". Em meio a tramas que já foram amplamente exploradas em várias novelas (como a família rica recheada de conflitos e um núcleo pobre que enfrenta as dificuldades com um sorriso no rosto), está havendo espaço para situações novas e atraentes.

Nunca houve na história das novelas um vilão como Félix (Mateus Solano). Os homossexuais sempre entravam para fazer parte do núcleo cômico ou então para integrar o time dos bonzinhos. Colocar as maiores vilanias da história nas mãos de um gay enrustido foi de uma genialidade absurda. E ainda colocar o personagem casado com uma mulher somente para disfarçar seus desejos para a sociedade também foi

quinta-feira, 27 de junho de 2013

"Gabi quase Proibida": uma propaganda enganosa do SBT

Há alguns meses, foi divulgado que o SBT planejava um novo programa para Marília Gabriela. Após algumas especulações, finalmente houve a confirmação dessa nova atração. O intuito era produzir um programa sobre sexo e temas mais picantes para Gabi. Segundo notícias publicadas, a jornalista até exigiu dar algumas sugestões no formato. Assim sendo, estreou no início da madrugada dessa quarta-feira (26/06) o "Gabi quase Proibida".


Contratada da emissora desde 2010, quando retornou à antiga casa após um período fazendo novelas na Globo, a jornalista comanda o "De Frente com Gabi", que ia ao ar em dois dias da semana: domingo e quarta-feira, sempre à meia-noite. Agora, teoricamente, a experiente jornalista tem dois programas. Porém, é só na teoria mesmo. A estreia da nova atração evidenciou o clima de propaganda enganosa do SBT.

"Gabi quase Proibida" tem exatamente o mesmo formato do "De Frente com Gabi" e, inclusive, do "Marília Gabriela Entrevista", programa que ela comanda no canal a cabo GNT. A estreia contou com a luxuosa presença de Ney Matogrosso. A entrevista foi fantástica, o que já virou rotina na carreira de Gabi, principalmente quando há um entrevistado que tem muito o que dizer. Ney falou abertamente sobre sua

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Manifestações, imprensa, Caco Barcellos e a superioridade do "Profissão Repórter"

O Brasil parece ter acordado. Nas últimas semanas, uma onda de manifestações contra os abusivos aumentos do custo de vida, a precariedade dos transportes, a vergonhosa saúde pública, a triste educação, a inescrupulosa corrupção que assola o país, entre inúmeras outras reivindicações, tem tomado conta das ruas. A revolta gerou até uma declaração extraordinária da Presidente Dilma Roussef prometendo uma reforma política. E, obviamente, a cobertura da imprensa tem sido feita desde o início dos protestos. Todas as emissoras passaram a dedicar várias reportagens em cima desse tema.


Entretanto, a hostilidade de parte dos manifestantes acabou impedindo o trabalho dos repórteres, principalmente os da Globo. Para evitar que seus profissionais sofressem agressões, a emissora carioca optou por retirar a canopla (logotipo da empresa) dos microfones enquanto os jornalistas estivessem no meio da multidão cobrindo as manifestações. Agora há até uma medida mais drástica: muitos deles cobrem os protestos dentro de helicópteros ou então em cima de prédios.

Porém, todas essas medidas só ganharam força depois da tentativa de censura sofrida por Caco Barcellos. O "Profissão Repórter", exibido na terça-feira da semana passada (17/06), mostrou a coragem e a determinação desse renomado repórter e ainda enfatizou o importante papel da imprensa. Logo no início do programa, Caco exibiu as vaias e os xingamentos de um grupo contra ele e sua equipe. Tentando

terça-feira, 25 de junho de 2013

"Saramandaia" tem uma estreia oportuna e animadora

Estreou nessa segunda-feira (24/06), tendo como missão repetir o sucesso alcançado pelos remakes de "O Astro" e "Gabriela", a adaptação de Ricardo Linhares da marcante novela de Dias Gomes: "Saramandaia". Apresentando um primeiro capítulo colorido e alegre, a trama, que tem como pano de fundo a história da disputa de poder entre duas famílias tradicionais (Rosado e Vilar), começou com o pé direito.


O remake iniciou com a clássica música "Pavão Misterioso" (de Ednardo), tema de abertura da primeira versão, e apresentou João Gibão (Sérgio Guizé) para o público. Logo no primeiro capítulo ocorre uma manifestação em Bole-Bole, liderada por Zélia Vilar (Leandra Leal), contra Zico Rosado (José Mayer), poderoso fazendeiro descendente dos fundadores da cidade. Os 'Saramandistas' exigem que o nome Bole-Bole seja trocado por Saramandaia e ainda lutam por mudanças para acabar com a corrupção do governo de Zico. Em meio à confusão, há o velório de Seu Cazuza (Marcos Palmeira) e a chegada de Vitória Vilar (Lilia Cabral). E quando a imponente mulher chega de helicóptero, o protesto para, as brigas cessam e todos olham assustados para a 'nova' visitante. Para culminar, o morto ressuscita e Dona Redonda (Vera Holtz) grita desesperadamente, quebrando todos os vidros que estavam por perto. Um primeiro capítulo cheio de bons ingredientes.

Na década de 70, "Saramandaia" estreava na época da ditadura e o autor Dias Gomes abusava das metáforas para mostrar as necessidades da população. João Gibão (Juca de Oliveira), por exemplo, tinha asas justamente para que a liberdade que o povo tanto almejava pudesse ser exibida de uma forma poética. Coincidência ou não, a estreia do remake dessa clássica obra não poderia ter chegado em um melhor

segunda-feira, 24 de junho de 2013

"O Dentista Mascarado" chega ao fim sem deixar saudades e rindo de seu fracasso

A produção mais fracassada da Globo chegou ao fim em clima de "já vai tarde". Cercado de expectativas, "O Dentista Mascarado" acumulou críticas, recebeu a rejeição do público e foi tendo uma constante queda de audiência. A produção de Alexandre Machado e Fernanda Young prometia boas risadas mas se transformou em um grande equívoco poucos capítulos depois da sua divertida estreia.


Entretanto, mesmo diante desse conjunto nada bom, o último episódio da série acertou ao rir de si mesmo. Os autores admitiram o fracasso e inseriram isso na história. O momento mais evidente ficou na conversa entre Paladino (Marcelo Adnet) e Sheila (Taís Araújo): "Eu vejo um programa que derrubou o ibope do horário!" "Pois é, ninguém gosta da gente!", disseram. Reconhecer o erro e ainda fazer piada com ele foi uma grande sacada. A última cena também foi inspirada: Adnet, depois de ser acordado por Taís, conta para ela e para Leandro Hassum que havia sonhado que os três faziam um programa onde ela interpretava uma vagabunda. Todos riram do sonho. Após esse momento, a atriz vai gravar uma novela e o humorista segue em direção ao estúdio do "Fantástico" gravar seu atual quadro. Um final criativo para uma produção que foi considerada péssima, afinal, nada melhor do que um projeto equivocado se limitar a um mero sonho.

"O Dentista Mascarado" apresentou um ótimo elenco e uma história que tinha tudo para emplacar. Mas os autores erraram quando deixaram o contexto de lado para priorizar piadas grosseiras e escatológicas. Piadas essas que eram claramente impostas nas cenas mesmo sem haver a menor necessidade. O resultado acabou

domingo, 23 de junho de 2013

"A Fazenda" estreia sua sexta edição e acerta ao tentar fugir da mesmice

Em meio à crise, a Record estreou nesse domingo (23/06) a sexta edição de "A Fazenda". Apresentado por Britto Jr. e dirigido por Rodrigo Carelli, o reality ---- que agora tem Gianne Albertoni como repórter ---- inicia mais uma temporada tentando angariar os telespectadores que foram perdidos ao longo dos anos. Em comparação com as edições anteriores, o ibope foi igual ao da primeira e quarta edições, o que representa o menor índice das estreias da atração ("A Fazenda 1": 16, "A Fazenda 2": 18, "A Fazenda 3": 20, "A Fazenda 4": 16, "A Fazenda 5": 17 e "A Fazenda 6": 16). Entretanto, pode ser considerado um bom índice, uma vez que liderou no horário por vários momentos. E por tudo o que foi visto, a produção acertou ao tentar fugir da mesmice com a criação de uma polêmica prova que transforma um participante em finalista logo na primeira semana.


Marcado para às 21h30m, o programa só começou às 21h45m. A edição foi lenta como de costume, mas ao menos os momentos finais foram mais animados por causa de uma prova e uma posterior divisão de grupos. Os participantes chegaram de carro importado e foram de helicóptero para a fazenda. Bárbara Evans, Rita Cadillac, Andressa Urach, Aryane Steinkopf, Beto Malfacini, Denise Leitão, Gominho, Ivo Meirelles, Lu Schievano, Márcio Duarte, Marcos Oliver, Matheus Verdelho, Paulo Nunes, Scheila Carvalho, Mulher Filé e Yudi foram os escolhidos para disputar o prêmio de dois milhões de reais e, apesar da Record ter tentado mais uma vez manter o mistério, todos os nomes já haviam sido divulgados pela imprensa dias antes.

Apesar da crise, a emissora investiu alto no reality. A sede contém 60 câmeras de alta definição e segundo especulações o custo do reality foi de 50 milhões. Logo no primeiro programa houve uma divisão de grupos, que foram chamados de Ovelha, Avestruz e Coelho. Após a realização de uma prova, os três melhores

sábado, 22 de junho de 2013

Capítulo que marca um mês de "Amor à Vida" evidencia talento de Bárbara Paz e Mateus Solano

Na última quinta-feira (20/06), "Amor à Vida" completou um mês no ar. E completou da melhor forma possível: apresentando uma memorável cena, onde Félix (Mateus Solano) se desespera e conta seu grande segredo para Edith (Bárbara Paz). A sequência, que representou uma nova virada na trama, exigiu muitos dos atores e já entrou para a lista de melhores cenas dessa novela.


Walcyr Carrasco tem mostrado ao público que não economizará história e a sucessão de acontecimentos desde a estreia apenas comprova isso. Aliás, já aconteceu tanta coisa que o telespectador tem a impressão de que a trama está no ar há uns três meses, no mínimo. Ao descobrir que Paulinha (Klara Castanho) é a filha desaparecida de Paloma (Paolla Oliveira), Félix entra em desespero e constata que todo o 'trabalho' que teve anos atrás foi em vão. Sem conseguir segurar o ódio e o medo, o vilão conta para sua esposa que roubou a filha da irmã e a jogou em uma caçamba de lixo.

A cena foi longa e muito intensa. Mateus Solano e Bárbara Paz fizeram uma grande dobradinha e ambos puderam se destacar igualmente. Félix chorou feito uma criança e Edith, em choque, não conseguiu acreditar na monstruosidade do marido. O ator já vem esbanjando talento desde o primeiro dia, tanto

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Ao exibir um episódio musical, "Pé na Cova" ousa no fim de sua primeira temporada

O último episódio da temporada de "Pé na Cova" foi ao ar nessa quinta-feira (20/06). Já com uma segunda temporada garantida em outubro, a série apenas se despediu temporariamente. Mas a despedida foi em grande estilo. Tendo como base os formatos musicais (como a americana "Glee", por exemplo), a produção de Miguel Falabella e Artur Xexéo ousou ao exibir para o público um capítulo repleto de música e muita dança.


O final da primeira temporada funcionou como uma espécie de reflexão sobre a série. Colocando o elenco para cantar, os roteiristas fizeram uma nova apresentação para o telespectador. Comentaram sobre o Irajá (bairro onde se passa a trama), falaram dos personagens e sobre a própria história e evolução deles. Dessa vez a comédia ficou quase toda de lado e a beleza da simplicidade das cenas, quase todas cantantes, se fez presente. Os números musicais foram todos ótimos, especialmente o momento em que foi possível ver o grandioso desempenho de Marília Pêra soltando sua linda voz. Sem dúvida foi uma grande ousadia produzir um episódio como esse, ainda mais levando em consideração a raridade desse tipo de formato em produções nacionais.

"Pé na Cova" cumpriu bem o papel de entreter e divertir. Ainda lançou críticas sociais abusando das frases politicamente incorretas e dos deboches, normalmente com personagens rindo de si mesmos. Embora não seja um humor abrangente e muitas vezes desagrade parte dos telespectadores justamente pela

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Saramandaia: o que esperar da próxima novela das onze?

Na próxima segunda-feira (24/06), a Globo começará a exibir o remake de um clássico de Dias Gomes. Adaptada por Ricardo Linhares, "Saramandaia" terá a difícil missão de conquistar o telespectador que não está mais acostumado a ver novelas de realismo fantástico e ainda agradar os fãs da trama original de 1976. Porém, por tudo o que tem sido visto nas chamadas, as chances da trama emplacar são grandes.


A trama principal, e que até hoje é lembrada, se baseia no conflito entre duas facções que se enfrentam por causa do nome do município onde vivem. Os tradicionalistas, liderados por Zico Rosado (José Mayer) querem manter o nome de Bole-Bole; já os mudancistas, liderados por Tenório Tavares (Tarcísio Meira), querem que o nome seja "Saramandaia" por considerar o atual constrangedor. Obviamente que esse conflito também causará uma grande rivalidade entre as famílias. E em torno de toda essa disputa, há diversas situações nada comuns. Entre elas, um homem que tem seu coração saindo literalmente pela boca, uma mulher que explodirá depois de tanto comer, uma garota que pega fogo, um rapaz que tem asas, outro que vira lobisomem, enfim, o que não falta é bizarrice.

O principal ponto positivo desse remake é justamente a modernidade dos efeitos visuais. Se em 1976 houve um árduo trabalho para colocar em prática todas essas situações absurdas, que resultaram em cenas ousadas para a época, pode-se dizer tranquilamente que hoje em dia a tecnologia facilitou e muito a

quarta-feira, 19 de junho de 2013

"Louco por Elas" emociona em seu último episódio e sai do ar na hora certa

Chegou ao fim a ótima série que contava a vida de um homem cercado de mulheres complicadas, controversas, mas muito amorosas. "Louco por Elas" se despediu do público na sua terceira temporada apresentando um episódio emocionante e recheado de frases inspiradas, expressando bem todo o conjunto harmonioso que essa produção apresentou desde a estreia.


O último episódio contou com as divertidas tiradas de Violeta (Glória Menezes) e com as trapalhadas de Léo (Eduardo Moscovis). Ou seja, tudo o que a série tinha de melhor. Porém, o desfecho dessa divertida história foi inusitado e muito bonito: Giovanna (Deborah Secco), Dorothy (Luana Martau) e Bárbara (Luisa Arraes) tiveram seus respectivos filhos ao mesmo tempo e a sequência dos três partos foi lindíssima. Para fechar com chave de ouro, houve uma pose da família e dos agregados para uma bela foto, que foi devidamente sucedida por um compilado de imagens das três temporadas e pela tradicional palavra "fim". Era o adeus dessa turma que tanto divertiu e emocionou o público.

"Louco por Elas" estreou com o pé direito. Mesclando humor com situações tocantes, João Falcão presenteou o telespectador com uma história atraente e cheia de inspirados diálogos, que quase sempre fugiam do humor fácil. Com o tempo, foi perceptível o merecido crescimento de Glória Menezes, que passou a ser considerada

terça-feira, 18 de junho de 2013

Metalinguagem em "Sangue Bom" enriquece história, homenageia autores e diverte o público

Todo autor de novela tem um estilo. Alguns escrevem tramas lentas, outros optam por algo mais ágil e dinâmico, uns escalam atores demais, uns gostam de histórias policiais, enfim. O que não falta é variedade. Além dos diferentes estilos, há também a clara diferença no texto. Obviamente, cada autor escreve de uma maneira. E é justamente através do texto que Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari têm se destacado em "Sangue Bom". Os ricos diálogos, um dos pontos fortes da trama, recheados de críticas sociais, estão cada vez melhores e merecem os elogios que têm recebido. Entretanto, o que mais desperta atenção é a metalinguagem, que já virou uma identidade da dupla desde o remake de "Ti ti ti".


Desde a estreia de "Sangue Bom", tem sido possível identificar várias referências a outras novelas. As personagens que mais 'abusam' dessa deliciosa metalinguagem são Damáris (Marisa Orth) e Bárbara Ellen (Giulia Gam), justamente as duas personagens mais carismáticas e engraçadas da novela. Bárbara, por exemplo, já declarou que foi cogitada para viver a Carminha em "Avenida Brasil" e que ficou ofendidíssima 'quando foi convidada pelo diretor Dennis Carvalho (que dirige a novela) para interpretar uma atriz decadente numa novelinha das sete de dois autorezinhos iniciantes!'. Já Damáris discutiu com sua empregada (Nice - Izabela Bicalho) quando a mesma se recusou a dançar o funk da Mulher Mangaba (Ellen Roche) para uma visita: "Tá pensando que isso aqui é o quê? A novela das empreguetes? Não, querida, aqui vc é elenco de apoio!", disse a perua se referindo ao sucesso "Cheias de Charme".

Nada melhor do que rir de si mesmo e Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari sabem bem como fazer isso. É muito divertido ver uma novela que brinca com a própria novela. E após inúmeras referências bem-humoradas, agora os autores resolveram inserir a clássica vingança da Nina contra Carminha na trama, através de Tina

sexta-feira, 14 de junho de 2013

A hora e a vez dos vilões

A novela é a paixão do brasileiro. Por mais que as tramas não estejam com a mesma audiência de 20 anos atrás, é fato que a teledramaturgia ainda tem sua força. E as tramas brasileiras são conhecidas no mundo todo graças ao mercado, onde a Globo figura como a principal 'exportadora' do país. No mundo da ficção, pode-se dizer com certa tranquilidade que, entre as muitas paixões do telespectador, a vilã está no topo da lista. Afinal, é ela quem movimenta a história e faz as situações acontecerem. E por muitos anos foram as víboras as grandes 'protagonistas' das novelas. Odete Roitman ("Vale Tudo"), Branca Letícia de Barros Motta ("Por Amor"), Cristina ("Alma Gêmea"), Laura ("Celebridade"), Nazaré Tedesco ("Senhora do Destino"), Bia Falcão ("Belíssima"), Flora ("A Favorita") e, claro, Carminha ("Avenida Brasil") são apenas alguns exemplos dessa soberania. Porém, atualmente, por incrível que pareça, a Globo está sem nenhuma grande vilã no ar. Agora, a maldade está sendo exercida por um time masculino.


Em "Malhação", por exemplo, é Sal o responsável pelas vilanias da novelinha. O rapaz atormentou a vida de Lia (Alice Wegmann), uma das mocinhas da atual temporada, até ser finalmente preso pela polícia. Pedro Cassiano tem se mostrado uma boa surpresa e convence na pele do irresponsável sujeito que acabou se perdendo ao se meter com traficantes.

Já em "Flor do Caribe", o vilão da vez é Alberto. O homem é um psicopata obcecado por Ester (Grazi Massafera) e está ficando cada vez mais surtado. Não tem medido esforços para destruir a vida de sua ex e acabar com Cassiano (Henri Castelli). Igor Rickli é um ator muito inexperiente e infelizmente começou muito mal na pele do antagonista, transbordando inexpressividade; no entanto, tem sido visível a sua

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Armando Babaioff e Regiane Alves se destacam em "Sangue Bom"

O elenco de "Sangue Bom" é bastante numeroso, ainda mais levando em consideração o fato de ser uma novela das sete (cujos capítulos têm menor duração no ar do que os de uma trama das nove). Ainda é cedo para saber se haverá algum bom ator subaproveitado, entretanto, os destaques já ficaram bem claros desde o início da história: além do sexteto central, Damáris (Marisa Orth), Bárbara Ellen (Giulia Gam), Lucindo (Joaquim Lopes), Wilson (Marco Ricca), Charlene (Mayana Neiva), Sueli Pedrosa (Tuna Dwek), Mulher Mangaba (Ellen Rocche) e agora Madá (Fafy Siqueira), têm tido ótimos momentos. E justamente por não estarem nessa 'lista', foi surpreendente ver Érico e Renata crescerem tanto nos últimos capítulos, realçando o talento de Armando Babaioff e Regiane Alves.


Os personagens começaram a novela apagados e a trama que os envolvia não demorou muito para ficar repetitiva. Era comum ver Renata ceder às investidas de Tito (o péssimo ator Rômulo Arantes Neto) e depois demonstrar remorso. Enquanto isso, Érico se declarava e tecia elogios ao amor de sua vida. O telespectador ficava com a sensação de que essa enrolação ainda se estenderia bastante. Mas Maria Adelaide Amaral e Vincet Villari acertaram quando colocaram um 'ponto final' nas enganações.

A partir do momento em que Érico flagra sua noiva beijando o primo, o público pôde presenciar as grandes atuações de Armando Babaioff e Regiane Alves. Ambos brilharam na forte cena do rompimento e em todas as sequências seguintes. O ator transmitiu toda a dor de seu personagem e toda a fúria que ele sentiu ao constatar que estava sendo enganado. Ainda emocionou quando contracenou com a magistral Louise Cardoso (Salma). Já a atriz mostrou com maestria o constrangimento e

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Canal Viva comemora três anos e presenteia o público com a volta do inesquecível "Sai de Baixo"

Para comemorar os três anos do Viva, o canal a cabo resolveu presentear o telespectador com quatro episódios inéditos de um programa que até hoje é lembrado: o "Sai de Baixo". Desde que começou a ser reprisado pela emissora, o humorístico, que conta a vida de uma hilária família falida do Arouche, não demorou muito para entrar na lista de atrações mais vistas do canal. Caco Antibes, Cassandra, Edileusa, Neide, Ribamar, Vavá e Magda nunca saíram da memória do público e a comprovação desse carinho pôde ser vista na estreia do primeiro episódio inédito exibido na última terça-feira (11/06).


Intitulado como "Sai de Baixo Chatice", o programa voltou se adequando aos novos tempos. Se aproveitando da nova 'PEC das domésticas', Neide Aparecida (Márcia Cabrita) enriqueceu após processar uma ex-patroa e comprou o apartamento do Arouche. Vavá (Luis Gustavo), aliás, perdeu o apartamento por não pagar o condomínio. O episódio se inicia quando os moradores do Largo do Arouche, que não se reúnem há 11 anos, recebem um convite anônimo para um jantar no apartamento onde viveram. Caco (que havia sido preso na Dinamarca), Vavá (que estava na Floresta Amazônica), Magda (que, depois de deportada, morava no aeroporto) e Cassandra (que estava morando na casa de uma tia pão-dura) aceitam o convite movidos pela curiosidade. Ao chegarem no local, se chocam quando vêem a antiga empregada como a nova proprietária do imóvel. Porém, apesar do susto, como estão todos falidos, acabam aceitando o convite da nova ricaça para morar de favor no antigo endereço. Entretanto, no final do episódio, graças ao golpe dado por Caco, Neide volta a ser pobre e o apartamento retorna para as mãos da família. Em suma: o "Sai de Baixo" está de volta.

E o retorno dessa inesquecível turma foi fantástico. O telespectador matou as saudades das piadas politicamente incorretas do Caco sobre a pobreza (agora envolvendo a famigerada classe C), das imbecilidades ditas pela Magda, dos improvisos de Miguel Falabella, do riso frouxo de Aracy Balabanian e

terça-feira, 11 de junho de 2013

Tatá Werneck, Marcelo Adnet e Dani Calabresa: três talentos, três estreias e apenas um sucesso

Os três trabalhavam na MTV. Os três sempre se destacaram através da comicidade. Os três eram as grandes estrelas da emissora e se desligaram de lá quase ao mesmo tempo. Motivados com a possibilidade do sucesso na tevê aberta e seduzidos por interessantes propostas, dois deles foram para a Globo e uma para a Band. Entretanto, até agora, apenas uma pessoa está colhendo os frutos do sucesso. Claro que os três em questão são Tatá Werneck, Marcelo Adnet e Dani Calabresa.


Apesar de apresentarem tantas 'semelhanças', é notório que a mudança de emissora só foi benéfica, por enquanto, para Tatá Werneck. Enquanto a atriz se destaca na pele da divertida Valdirene em "Amor à Vida", Marcelo enfrenta o fracasso de "O Dentista Mascarado" e Dani permanece totalmente avulsa e apagada no "CQC".

Após um início promissor, a série de Alexandre Machado e Fernanda Young acabou virando uma grande decepção ao abusar da escatologia e das piadas infames, deixando de lado a trama do super-herói que tinha tudo para decolar. Marcelo Adnet não tem culpa alguma desse início, digamos, turbulento na

segunda-feira, 10 de junho de 2013

"A Menina sem Qualidades" não faz jus ao seu título

Após "Descolados", produzida pela Mixer e exibida em 2009, a MTV resolveu apostar novamente no ramo da teledramaturgia e sua nova estreia foi muito promissora. "A Menina sem Qualidades" surpreendeu logo no primeiro dia e seus demais episódios só confirmaram a boa impressão causada. A série, dirigida por Felipe Hirsch, já pode ser considerada um dos grandes acertos de 2013. Baseada no mundo de complexidades e conflitos internos vividos pela protagonista, a história (uma adaptação do romance alemão "Spieltrieb", de Juli Zeh) mergulha profundamente no drama que envolve a vida de Ana e abusa dos tons sombrios.


Ana (Bianca Comparato) é uma jovem problemática, inteligente e que odeia internet por considerar um veículo que só fala de guerra, sexo e dinheiro. Tem os livros como melhores amigos e já devorou todos da biblioteca do colégio, além de todos deixados pelo seu pai. Morando sozinha com a mãe --- uma roqueira que quase sempre se encontra trancada em casa ouvindo música alta, bebendo e fumando ---, a adolescente de 16 anos acaba tendo que lidar com várias questões comuns da adolescência: drogas, solidão, questionamentos sobre as regras do mundo, bullying, homossexualidade, preconceito e as consequências que o isolamento pode causar.

O grande feito dessa série é poder abordar todas essas questões sem nenhum tipo de 'camuflagem'. Todos os conflitos são expostos sem medo do julgamento ou da reprovação do telespectador. Beijo entre duas mulheres, nudez, cenas de sexo, enfim, tudo é mostrado sem nenhum tipo de constrangimento. Os personagens são

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Saída de Gugu Liberato expõe amadorismo da Record e destaca o período crítico da emissora

Mergulhada na crise e abusando das demissões nos últimos meses, a Record viu sua ferida ser novamente exposta na última quinta-feira (06/06), com a ampla divulgação da notícia a respeito da saída turbulenta do Gugu. Depois de muitas especulações, a situação finalmente foi confirmada. Após quatro anos, Gugu Liberato deixou a emissora de uma forma nada amistosa. Pressionado por causa do corte de verbas do seu programa, o apresentador resolveu sair mais de quatro anos antes do término do seu contrato, expondo ainda mais o período crítico da emissora.


Segundo o jornalista Ricardo Feltrin, Gugu não via mais condições de fazer o programa, uma vez que a emissora cortou quase todas as suas verbas de produção. Por causa do elevado salário do apresentador (algo em torno dos três milhões), os bispos da Universal já estavam pressionando para que houvesse uma redução brusca de custo no "Programa do Gugu". Apesar do rompimento representar um alívio para as finanças, obviamente que essa saída do Gugu expôs ainda mais o período crítico da Record, piorando a imagem da empresa. 

Seduzido pela proposta milionária dos bispos e acreditando na promessa de que teria um talk show na RecordNews (o que nunca aconteceu), Gugu assinou o contrato com a concorrente do SBT em junho de 2009. Ele foi apenas um dos artistas contratados a peso de ouro na época em que a Record ostentava sua fortuna para

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Cláudia Netto se destaca na pele da espirituosa Guiomar em "Flor do Caribe"

"Flor do Caribe" não tem muitos personagens. É uma novela com poucos atores e isso ficou claro após a apresentação de todos os núcleos. Por causa do elenco enxuto, quase todos conseguem se destacar. Entretanto, em qualquer trama, independente do time ser grande ou pequeno, há alguns papéis que acabam brilhando mais do que outros. Isso muitas vezes se dá por causa da riqueza do papel, do bom texto, do talento do ator ou então de todo esse conjunto. E, sem fugir dessa regra, entre os destaques da atual obra de Walther Negrão está a Guiomar, vivida pela ótima Cláudia Netto.


A personagem só entrou na história após algumas semanas da novela já iniciada, porém, assim que chegou, já mostrou que seria uma das figuras mais divertidas e interessantes de "Flor do Caribe". Sempre dotada de um humor fino e extremamente ácido, Guiomar tem Dionísio (Sérgio Mamberti) e Alberto (Igor Rickli) como principais alvos de sua artilharia de frases inspiradas. O sogro e o filho foram obrigados a aceitá-la na mansão e, desde então, 'sofrem' (merecidamente) com sua língua ferina. 

Entretanto, essa mulher não se resume somente ao deboche. A perua também faz questão de demonstrar o amor que sente por Alberto, mesmo sabendo que o filho é um poço de maldade e ressentimento. A atriz já protagonizou cenas emocionantes e quase todas envolvendo o grande vilão da trama. A sequência mais

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Complexidade do sexteto central é um dos grandes acertos de "Sangue Bom"

Criar um casal protagonista que agrade é, sem dúvida, uma das muitas dificuldades de um novelista. E não tem sido fácil alcançar esse objetivo, afinal, o telespectador não engole mais qualquer 'dupla'. Não faltam exemplos de personagens centrais que fracassaram, sendo sumariamente apagados pelos coadjuvantes. Portanto, pode-se dizer, tendo como base os riscos que esses papéis correm, que Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari resolveram apostar alto lançando logo seis protagonistas. Mas o que poderia ser uma catástrofe, acabou virando um dos grandes acertos de "Sangue Bom".


O sexteto central é claramente inspirado no poema "Quadrilha", um clássico do Carlos Drummond de Andrade: "João amava Tereza que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém. João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento, Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para a tia, Joaquim suicidou-se e Lili casou-se com J. de Pinto Fernandes que não tinha entrado na história". No caso da novela, Fabinho (Humberto Carrão) não ama ninguém, enquanto Malu (Fernanda Vasconcellos) ama Maurício (Jayme Matarazzo) que ama Amora (Sophie Charlotte) que ama Bento (Marco Pigossi) que também ama Amora, não correspondendo ao sentimento de Giane (Isabelle Drummond).

Porém, mesmo sendo perceptível essa inspiração dos autores, não há dúvidas que a confusão amorosa da trama é, com todo respeito ao Carlos Drummond, infinitamente superior ao poema. Cada protagonista tem uma

terça-feira, 4 de junho de 2013

Apesar do novo cenário, "Encontro com Fátima Bernardes" continua sem despertar interesse

No dia 25 de junho de 2013, o "Encontro com Fátima Bernardes" completa um ano de vida. Sendo tratado como a grande promessa das manhãs da Globo, o programa ---- que 'tirou' Fátima da bancada do "Jornal Nacional" e a lançou como apresentadora ----  causou uma grande frustração após a aguardada estreia. Um cenário escuro e que nada combinava com o horário matutino gerava um desconforto em quem assistia, o formato era cansativo e o conteúdo da atração também não ajudava. O tempo foi passando e os ajustes foram acontecendo esporadicamente. Atualmente é possível ver um 'amadurecimento' do programa.


Não que muita coisa tenha mudado desde então, porém, após a entrada de Boninho na direção-geral --- em fevereiro ---, a atração passou por leves alterações e um dos principais equívocos já foi consertado: o cenário. Essa foi justamente a mudança mais drástica. Agora o "Encontro" parece mesmo que foi feito para as manhãs da Globo. O palco ficou mais espaçoso sem a presença da plateia, enquanto que as cores ficaram mais alegres e vivas. Agora também há um espaço próprio para as bandas e os convidados ficam todos sentados juntos. Não há mais aquelas cadeiras que circuncidavam o palco, fazendo a apresentadora rodopiar o tempo todo para ouvir as pessoas. Foi uma mudança radical e bem-vinda.

Também é possível observar que o programa está mais musical e prioriza mais a exibição de matérias, ao invés de ficar muito tempo focado nos debates sobre os temas propostos. Entretanto, com exceção do cenário, são