domingo, 13 de novembro de 2011

O problema do Zorra Total é a repetição

No dia 25 de março de 1999, estreou na Rede Globo um programa que tinha como objetivo ser uma espécie de "A Praça é Nossa" da emissora. Escolheram um nome que qualifica muito bem a atração : "Zorra Total". Vários humoristas da casa se reuniram e nos apresentavam pequenas cenas (esquetes) --- e normalmente com um bordão incluído para cada personagem. Apesar de ter sofrido algumas reformulações ao longo do tempo, essa característica permanece até hoje.

Desde a sua estreia, o "Zorra Total" vem nos apresentando um tipo de humor que é constantemente criticado. Apesar das duras críticas, a atração sempre foi um sucesso de audiência. Nunca se viu ameaçado pela concorrência (embora a mesma nunca tenha tido competência para enfrentá-lo de igual para igual), e é o programa humorístico que mais gera repercussão no país. Vários talentos já foram revelados ali.

O grande problema da atração não é o humor chulo e popularesco, como muitos dizem. O 'Xis' da questão implica nas repetições cênicas. Todos os personagens, sem exceção alguma, sempre vivem as mesmas situações e 'vomitam' seus bordões à exaustão. É praticamente impossível ver alguma diferença entre os programas.

Esse fato também acaba atrapalhando os quadros que fazem um imenso sucesso inicial. O caso mais recente é a dupla formada por Rodrigo Sant`anna e Thalita Carauta. Valéria e Janete explodiram e caíram nas graças do público. Foram os únicos personagens que se destacaram no 'Metrô Zorra Brasil'. 'Ai como eu to bandida!', bordão dito pela travesti, é um fenômeno. Ambos já participavam do programa no quadro da Lady Kate (Katiuscia Canoro) e Thalita já nos mostrou um lado mais sério na novela "Páginas da Vida", interpretando Lídia, empregada de mais uma Helena (Regina Duarte) do Manoel Carlos. Os atores merecem o reconhecimento que estão tendo, mas assim como tudo na atração, também começam a cansar pela repetição. A esquete é quase sempre igual, tendo pouquíssimas variações. Resultado: o que era divertido se torna irritante e cansativo.

Não será nenhuma surpresa se a bem-sucedida dupla tiver o mesmo destino que Juninho Play (Samantha Schmutz), Lady Kate, Severino (Paulo Silvino), Doutora Lorca (Fabiana Karla) e tantos outros tiveram : a extinção do quadro ou uma diminuição gradativa do mesmo. Isso porque o diretor Mauricio Sherman  não sabe conduzir um sucesso. Claro que a culpa não é só dele. A equipe da atração também é responsável por isso. Não há possibilidades para que os personagens desenvolvam situações diferentes ou novas histórias. Tudo fica reduzido a uma mesma situação. É totalmente impossível prender a atenção do espectador por um longo período com tamanhas repetições.

O programa também já teve muitos personagens que mesmo com as repetições, não cansavam nunca. Seu Saraiva, vivido pelo  Francisco Milani (já falecido) é um deles. Difícil encontrar quem não se divertia com as patadas do eterno ranzinza. Epitáfio e Santinha formavam um casal impagável. Os saudosos Rogério Cardoso e Nair Bello davam um show, principalmente nos improvisos. Eles sempre caíam na gargalhada e nos 'levavam' junto. Mas esses casos específicos se enquadravam nas exceções que toda regra acaba tendo.

Mesmo com esse erro que nunca é corrigido e com o festival de críticas que sempre recebeu, o "Zorra Total" não tem motivos para se preocupar. Só para sorrir. Sempre se mantém acima dos 20 pontos em pleno sábado à noite. Pode ser considerado o programa de humor que mais tem audiência no país. Portanto,  é provável que o programa se mantenha na grade da Rede Globo por muito tempo. Muito mesmo.

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4 comentários:

Mimijak disse...

Concordo em Gênero, número e grau, o problema esta na repetição, e muitas vezes repetição do que foi mal feito, entre os novos humoristas que estão entrando na telinha vamos combinar que são muito poucos que são realmente bons, é em virtude disto que a Comédia em Pé ou Stand Up, esta ganhando cada vez mais força, justamente porque os programas de humor estão perdendo seu humor, e tornado-se repetitivos e sem graça...
Ai que saudade em que um comediante precisava de si mesmo e um geitinho todo particular de contar uma piada e fazê-lo rir às gargalhadas necessitando apenas de uma cadeira talvez e dele mesmo, e na maioria das vezes a cara limpa...Era o lava alma depois de um dia de trabalho cansativo e estressante, porque rir faz bem ao coração...
José Vasconcelos, que saudade de Você...Porque agora só Deus esta aproveitando o seu talento...

Quem não o conhecer, procurem no You Tube,creio deva ter alguns vídeos sobre suas atuações...Esse sabia contar uma Piada como nunca ví ninguém fazê-lo até hoje...

Um grande Abraço...Beijo na Alma...Mimijak

Sérgio Santos disse...

Mimi, obrigado pelo comentário. José Vasconcellos era uma grande humorista mesmo e foi ele o precursor do Stand-up Comedy no país. O Zorra já foi um bom programa em um passado distante. Abraços.

Anônimo disse...

Olá Sérgio, Estou seguindo seu blog e compartilhando nas redes sociais,parabéns pelas matérias, muito bom todo o conteúdo do seu blog. gostei...
muito sucesso pra vc.
se vc poder visite o meu blog. abraços...
http://frpromotorasucessofinanceiro.blogspot.com/

Sérgio Santos disse...

Muito obrigado pelo comentário e pelo elogio! Abraço!